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A União Europeia tem sido marcada por uma discussão ampla de múltiplos temas que impactam com o presente e futuro dos seus cerca de 450 milhões de habitantes, sempre com a vontade firme de manter os valores da liberdade, prosperidade e bem-estar social, como a base essencial das nossas prioridades coletivas.
Mas em múltiplos setores da atividade económica do espaço europeu temos assistido ao apregoar de um vasto conjunto de doutrinas, em diversos casos com posições muito extremadas, que afetam de forma direta vários tecidos produtivos, com múltiplas consequências, não só na atividade em si mesma, mas também nos seus efeitos colaterais, que implicam com problemas de índole social, muitas vezes originados em expectativas alargadas e infalíveis credulidades, ou mesmo dogmas.
Sendo óbvio e prioritário atuar na minimização do impacto presente e futuro das alterações climáticas, é legítimo questionar-se se o vanguardismo em matérias como o pacto ecológico europeu, muitas vezes designado como “green deal”, acautela de forma devida todos os seus custos económicos e sociais, em especial quando avaliamos a relação entre o reduzido impacto do espaço europeu nos efeitos globais mais nocivos sobre o clima, as medidas tomadas e a relativa permissividade para a livre circulação posterior de muitos bens oriundos de outros pontos do globo, onde as práticas que impomos a nós próprios não são respeitadas.
As consequências começam a ser evidentes em vários domínios, com a expressão negativa mais recente nas dificuldades do setor automóvel, ou no fortíssimo protesto coletivo do setor agrícola, que obrigou mesmo a comissão a rever algumas das suas posições, face à degradação progressiva da competitividade do setor. Como podemos também questionar o extremismo cada vez mais evidente contra o consumo de vinho, enquanto assistimos impávidos e serenos ao incremento progressivo do consumo de bebidas alcoólicas premium, como o gin e tequila. No desenvolvimento económico e social, pregar aos crentes poderá não ser sempre a melhor opção.