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Já ouviram falar do Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP)? Não, certamente, porque foi constituído já este ano, a 13 de julho de 2015. Tem uma característica única, que é a de ser um novíssimo partido de velhotes. E é de certeza o único em que, se me fizesse militante, teria direito a fazer parte dos jotinhas que, imagino, se designariam JURP (Juventude Unida dos Reformados e Pensionistas).
A sigla PURP não é das mais felizes, parece o barulho dos bebés satisfeitos quando regurgitam. Dos cabeças de lista, destaco o menos jovem, que concorre pelo círculo da Europa e deu os primeiros vagidos a 23 de setembro de 1937. Celebra, por isso, 78 anos com certeza bem vividos na próxima quarta-feira. Parabéns antecipados ao dr. Carlos Albano Gonçalves Cordeiro, licenciado em Economia e sociólogo aposentado! O mais novo, esse, concorre por Évora, ainda nem era nascido no 25 de Abril (há de ser o pimpolho da organização) e não deve ter sequer idade para ser membro militante efetivo: só tem 40 anos, o rapazola.
Bom, já brinquei o suficiente com os senhores do PURP. Sim, senhores no sentido mais literal, porque são todos machos - e fico perplexo. As mulheres vivem mais do que os homens, uma tremenda injustiça por sinal. Mas...meu caro PURP, nem uma cabeça de lista?
É muito provável que o PURP não consiga eleger um deputado que seja. É no entanto igualmente provável que outros partidos, com muito mais meios e espaço mediático, fiquem pelo mesmo: zero, zerinho, nicles. E o PURP tem não obstante um, ou dois, ou mais méritos que seria injusto não assinalar. Primeiro, a sua simples existência é uma bofetada de luva branca no indigente que, aqui há tempos, falou na "peste grisalha" (e de que, juro, esqueci imediatamente o fácies, nome ou quaisquer outras características, humanas ou aparentadas). Depois, pelo andar da carruagem da não renovação da população, o PURP qualquer dia representa-nos a todos, porque reformado vai ser o outro nome para "português". Finalmente, sendo um burguesão mais ou menos inveterado, admiro muito quem sai da zona de conforto e vai a jogo, cívico e político. Porque não disponho em grau elevado de tal capacidade.
Vou votar no PURP? Não. Mas o PURP e os seus membros mereciam muito que hoje, modestamente, lhes dedicasse esta minha crónica.
*PROFESSOR UNIVERSITÁRIO