Corpo do artigo
Não fui à final de Paris, nem sequer à meia-final. Não me dei ao trabalho de tentar comprar bilhetes antecipadamente (não sou um homem de fé), e mesmo que à última hora me tivesse dado uma ânsia de glória potencial, desconfio que teria sido impossível arranjar um.
Também, grande azar, não conheço ninguém que me tivesse oferecido viagem e entrada, pelo que, dadas a minha preguiça, incapacidade crónica para acreditar na seleção e evidente falta de trabalho ao nível dos contactos com gente que dá bilhetes e viagens, tive de me resignar a seguir o jogo pela TV. Juntaram-se a mim quase todos os portugueses, que não tiveram nem oportunidade, nem dinheiro para ir ao Europeu.
Houve porém um outro tipo de portugueses, que, com uma capacidade assinalável, conseguiram misteriosamente viagem e ingresso, de um dia para o outro. Como, ninguém explicou. Apressaram-se alguns deles a dizer que afinal até pagaram o avião, mas sobre o bilhete, nada. Esses grandes portugueses, que nem por estarem no Governo ou no Parlamento souberam resistir com a sobriedade que se impunha, decidiram aceitar o favorzinho ou, pior, cobrar um para poderem ir. São uns parolos e não há código de conduta que resolva isso.
* JORNALISTA