Os bispos portugueses estão preocupados com as "grandes dificuldades por que passam as pessoas e famílias, instituições civis e eclesiais, provocadas pela crise atual". Expressaram esta sua preocupação na Assembleia Plenária que decorreu em Fátima.
Corpo do artigo
Para combater a crise, ainda que importantes, "as medidas paliativas" implementadas em Portugal e na Europa "não são suficientes". Os bispos consideram que é "imprescindível realizar convergências para concretizar políticas estruturais que permitam mitigar os efeitos da inflação e incentivar o crescimento, tendo como preocupação o combate à pobreza, a diminuição das desigualdades sociais e o bem-estar dos cidadãos, com uma mais justa repartição da riqueza".
O Papa Francisco criticou o "assistencialismo" e clamou por novas políticas sociais na mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, que se celebrou no passado domingo. Políticas essas que deverão ir além daquelas que são "concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres e muito menos inserida num projeto que reúna os povos". Algo que já tinha dito no 3.o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, que decorreu no Vaticano em 2016, e que repetiu na encíclica "Fratelli tutti", de 2020.
De facto, os problemas dos pobres não se resolvem com o assistencialismo nem com "medidas paliativas". Têm de se combater as causas que levam ao empobrecimento e que lançam as pessoas na pobreza. Mais do que atuar nas situações de emergência, exigem-se políticas públicas de desenvolvimento económico e social que erradiquem, de facto, a pobreza.
O Governo criou uma comissão para delinear essa estratégia. O seu trabalho deve envolver a sociedade civil e promover uma "ampla participação e debate". Os pobres têm de ser ouvidos: é essencial implicá-los na solução para os seus problemas.
*Padre