Nunca entrei em nenhuma loja da "Padaria Portuguesa", nem faço ideia se o pão lá vendido é bom ou mau.
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É bem possível que não o avaliasse como sendo grande coisa, porque sou particularmente exigente na análise à panificação de qualidade: cresci rodeado de grandes padarias e pastelarias, quase todas abertas por ex-emigrantes na Venezuela, que por alguma razão, e isto é um mistério por deslindar, regressaram ungidos por um talento sobrenatural para fabricar pão e bolos. Tenho bons - grandes - amigos nessas famílias e nenhum deles me deu ainda explicação cabal para tão saboroso fenómeno.
Desconheço por isso por que razão a "Padaria Portuguesa" tem tido tanto sucesso. Desconfio que deve ser pelo menos porque é bem gerida. Ora isso merece ser reconhecido, embora os seus donos devam admitir também que o conseguiram com as mesmas leis de trabalho que criticaram, esta semana, gerando a habitual e a cansativa ira no Facebook. Eu, que não concordo com o que propõem, estou solidário com eles. É insuportável a ideia de que se chegue a um ponto em que não vale a pena arriscar ter opinião, por medo de se ser humilhado ou atacado publicamente.
Sufocar em matilha o que é, ou parece, divergente, é prática própria de outros tempos, mais bárbaros, e uma assustadora prática destes que vivemos.