A impunidade das grandes instituições é um dos piores sinais que um país pode dar ao seu povo. Dificilmente alguém conseguirá compreender a necessidade de cumprir com as obrigações impostas pelos códigos sociais, jurídicos e tributários se quem tem responsabilidades ainda maiores e lucros fabulosos passa quase sempre por entre os pingos da chuva. Não é a primeira vez que importantes setores de atividade escapam nos tribunais a multas aplicadas pela Autoridade da Concorrência. Voltou a acontecer, agora com um conjunto de bancos. É muito grave e irreparável, porque o processo, com origem em irregularidades que remontam a 2002 (!), está definitivamente encerrado. Os bancos em causa livram-se de desembolsar uma multa no valor de 225 milhões de euros. Atendendo ao que o cidadão comum paga, seja por atrasos ou irregularidades, é vergonhoso que um setor que acumula milhões em lucros escape e esfregue as mãos. O caso é muito grave e foi denunciado por uma instituição bancária. Ficou tudo provado, nenhum tribunal negou a inexistência deste cartel. Por outras palavras, os bancos em causa agiam em conluio para estabelecer os "spreads", prejudicando gravemente os clientes - a nós, a todos os que passamos uma vida inteira a pagar uma casa. Após duas condenações, o processo está encerrado, porque prescreveu, na sequência de um recurso para um tribunal europeu, mais de 20 anos depois do início desta pura vigarice. Será que temos noção do impacto causado por este desfecho? Por onde andam os indignados do costume, os políticos sempre rápidos a disparar? É que, excetuando o PCP, que através do grupo parlamentar informou que quer ouvir a Autoridade da Concorrência e o Banco de Portugal, parece que ninguém está preocupado com o assunto.
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