Temos uma estratégia nacional de testagem. Temos até uma task force dedicada. Temos direito a realizar quatro testes gratuitos por mês. Temos os conselhos e os incentivos para os realizar. E temos obrigações. Precisamos deles para visitar um familiar num hospital, para ver um avô num lar, para entrar numa discoteca ou assistir a um concerto. Parece que temos tudo. Só que não.
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Temos dificuldade em conseguir uma marcação numa das farmácias. Temos farmácias com falta de stock.
Mas pior. Temos portugueses impedidos de os fazer. Muitos. Em 35% dos concelhos não há farmácias que os façam.
Pior ainda. Não há nenhum distrito que tenha pelo menos uma farmácia que realize os testes gratuitos em todos os seus concelhos. E, sim, nestes concelhos há lares, bares, discotecas, teatro e música.
É o país que já mapeamos várias vezes de tantas cores. Só varia o tema. Sempre centralista. Desigual.
Problemas que, não sendo novos, se agravaram face à necessidade de testagem alargada. Recorde-se que, numa primeira fase, quando a comparticipação a 100% não se aplicava a utentes com o certificado de vacinação completa ou o certificado de recuperação, nem a menores de 12 anos, as farmácias enfrentaram dificuldades com a verificação da elegibilidade das pessoas para fazer o teste. Algumas tiveram complicações para aderir ao sistema. Outras, de menor dimensão, não tinham (não têm ainda) meios para participar no processo. Seguiram-se as dores de cabeça dos utentes para marcar e realizar um teste, mesmo pagando do seu bolso.
Passou algum tempo. Alguns meses. Tempo suficiente para que o país estivesse mais bem preparado para responder às exigências colocadas a todos os cidadãos. Se a dupla certificação é requerida para ter acesso a recintos desportivos, lares, hospitais, bares e discotecas, todos os utentes têm de o poder fazer. Não podem.
*Diretor-adjunto