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Depois de Luís Montenegro, a meio da semana, ter arrumado a sugerida revisão constitucional na gaveta, também o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, se demite da discussão, ao decidir meter um ponto final no trajeto na presidência do partido. Resta a André Ventura continuar a falar sozinho – e nem se tem saído mal, na perspetiva do Chega, como atesta o resultado nas legislativas –, em relação ao futuro do país, veremos... Enterrada a ideia, pelo menos por agora, seria importante os partidos com assento parlamentar dedicarem-se a fazer cumprir a Constituição, em vez de à primeira nesga de oportunidade procurarem avançar com alterações ideológicas que servem para pouco mais do que nada, uma vez que não têm qualquer efeito na vida dos eleitores.
Além da questão interna, onde há muito para reformar, podem ainda dedicar-se a contribuir para a elevação dos níveis de decência de Portugal enquanto nação no plano internacional, avançando no sentido de passar das palavras bonitas aos atos, designadamente no que toca ao reconhecimento do Estado palestiniano. Pelo andar da terraplanagem que Israel está a fazer em Gaza, qualquer dia não restará nada para reconhecer, nem povo, nem terra, talvez apenas o desígnio absurdo de Donald Trump, que gostaria de instalar naquele território um parque de diversões para os amigos como Elon Musk se divertirem com cogumelos mágicos. O Governo de Luís Montenegro, agora reforçado no número de deputados, tem obrigação de liderar este processo na legislatura que está prestes a iniciar-se, porque é dever do Estado alinhar as suas posições com a ONU, que por acaso até é liderada por outro português, António Guterres, uma das poucas grandes figuras da política internacional a remar contra uma maré xenófoba e genocida de consequências imprevisíveis.