As energias renováveis, em particular a eólica e a solar, cresceram significativamente a nível global nas últimas duas décadas, mas a expansão que se espera para os próximos anos será ainda mais acelerada. Isto mesmo confirma o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA - International Energy Agency, na sigla original) divulgado este mês de maio.
Corpo do artigo
Em 2020, de acordo com a agência, a nova capacidade instalada de energias renováveis para produção de eletricidade subiu 45 por cento atingindo os 280 GW. Nesse ano, em plena pandemia, registou-se o maior salto anual desde 1999.
A capacidade instalada de eólica a nível global quase duplicou face a 2019 e o solar fotovoltaico registou um crescimento de 23 por cento.
Para a IEA este aumento registado em 2020 representa o "novo normal" face ao que se perspetiva no pós-pandemia. Em curso, para 2021, está já a instalação de mais 270 GW de renováveis e para 2022 estão já previstos outros 280 GW.
Nos próximos dois anos as renováveis deverão representar mundialmente 90 por cento da nova capacidade instalada para produção de eletricidade.
Estas previsões foram revistas em alta face ao que estava calculado em novembro. A atualização resulta de medidas que têm sido implementadas em todo o mundo, não só no que diz respeito a leilões de capacidade renovável dinamizados pelos Governos, mas também face à proliferação de contratos de compra de energia, os usualmente designados PPA"s (Power Purchase Agreement).
Na Europa prevê-se que o aumento anual da capacidade renovável atinja os 11 por cento, passando de 44 GW em 2021 para 49 GW em 2022. O velho continente tornar-se-á assim o segundo maior mercado de energia renovável depois da China.
A China, que registou um crescimento exponencial de renováveis em 2020, tem prevista este ano uma ligeira redução no investimento, dada a incerteza sobre a estrutura dos novos regimes de incentivo que só serão anunciados no final de 2021. No entanto, o crescimento que se perspetiva na Europa e nos Estados Unidos compensará a desaceleração temporária que deverá verificar-se a oriente.
Os números provam que a trajetória ascendente das renováveis está imparável ao nível global. Os números provam prova que Portugal fez uma boa escolha ao perfilar-se no pelotão da frente das renováveis.
No segundo semestre de 2020 Portugal garantiu preços de eletricidade mais baixos do que Espanha e do que a média da Zona Euro. Já em 2021 o preço da eletricidade negociou-se a valores negativos no mercado grossista, o que pode trazer boas notícias para consumidores e empresas. Esta foi uma aposta ganha em termos ambientais, mas também em termos financeiros. Esta é a prova de que a transição energética pode ser feita de forma justa assegurando a criação de valor.
*CEO Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN)