A humildade é, para o Papa Francisco, a palavra que melhor traduz o Natal. Disse-o no discurso de felicitações natalícias à Cúria Romana na passada quinta-feira. O Papa utilizou a história do general sírio Naaman para ilustrar os que escondem, com a armadura do poder e a relevância social, a miséria humana que os corrói interiormente.
Corpo do artigo
É uma escrava que aconselha o general a ir ter com o profeta Eliseu para que ele o curasse da lepra. O profeta manda-o despir e mergulhar sete vezes no Jordão. Naaman resiste, mas acaba por acatar as ordens de Eliseu e fica curado (2 Re. 5).
"A história de Naaman lembra-nos que o Natal é um tempo em que cada um de nós deve ter a coragem de tirar a própria armadura, desfazer-se das importâncias do cargo, da consideração social, do brilho da glória deste Mundo, e assumir a sua própria humildade", conclui o Papa.
A humildade é essencial para trilhar o caminho sinodal que Francisco propôs à Igreja até 2023, ano em que o Sínodo dos Bispos irá sintetizar a discussão das propostas que o Papa lançou a todo o Mundo. Segundo ele, a humildade ajudará a evitar a tentação clerical de pensar que Deus "fala apenas a alguns, enquanto os outros devem apenas escutar e cumprir".
A sinodalidade implica uma conversão de mentalidades e de práticas. "Se a Igreja percorre o caminho da sinodalidade, nós devemos ser os primeiros a converter-nos a um estilo diferente de trabalho, colaboração, comunhão", assumiu o Papa perante os responsáveis pelo governo da Igreja.
Em anos anteriores o Papa foi mais contundente e direto nas críticas à Cúria. Este ano, ao sublinhar a humildade e a sinodalidade, sem ser tão incisivo acabou por chamar a atenção para dois aspetos que deveriam caracterizar todas as instâncias da Igreja Católica.
O Papa sabe bem o quanto se prega a humildade nos corredores do Vaticano e quão distante das palavras que se dizem está o coração e a práxis de muitos dos altos dignatários da Igreja. Sabe também que os maiores opositores à sinodalidade estão bem próximo dele. Foi esta noção que o fez escolher o tema para o discurso natalício à Cúria Romana.
Um feliz 2022!
Padre