O Papa Francisco, na sua pregação e no seu magistério, surpreende-nos continuamente com a novidade das suas expressões, com ideias desconcertantes e até com neologismos.
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São várias as palavras que não existem em nenhuma das línguas que melhor domina, o espanhol e o italiano, e que ele cria na tentativa de melhor traduzir o seu pensamento para, assim, o tornar acessível a todos os que o escutam ou leem.
Na semana passada, foi apresentado online o livro: "Dicionário Bergoglio: As Palavras-Chave de um Pontificado", de Francesc Torralba, professor catedrático de filosofia e antropologia da Universidade Ramòn Llull de Barcelona. O autor deixou-se conduzir pelo "desejo de compreender quais são as palavras, as categorias, os conceitos fundamentais deste Pontificado" - o que o levou a um conjunto de expressões e palavras que reuniu nesta obra, como disse em entrevista ao sítio "Vatican News".
A expressão que mais marcou Francesc Torralba foi "sair de si mesmo", a qual traduz bem a "essência da vida do cristão, que é sair para encontrar o outro e especialmente o outro vulnerável e frágil". Desta expressão deriva "uma Igreja em saída". Este é o dinamismo que o Papa quer implementar na Igreja: "Sair para comunicar aquilo em que se crê e cuidar do outro, contra a tendência de parar, de ficar confortavelmente em casa, no próprio mundo".
O Papa dá o exemplo ao utilizar "uma linguagem não muito intraeclesial, mas mais extraeclesial, para os que estão longe". O jesuíta António Spadaro, diretor da revista "La Civiltà Cattolica", no prefácio a este livro considera que a "linguagem do Papa é muito simples, imediata, compreensível para qualquer pessoa. Essa habilidade vem a Francisco da sua vida em contacto constante com as pessoas". Para Spadaro, é um "Papa da rua que não fala à padre".
Na verdade, este é um Papa que veio do Mundo e que quer falar ao Mundo! É um Papa com "cheiro a ovelha" - outra das suas expressões - que o cargo e as responsabilidades na Igreja não apagaram. Ele não esquece a ovelha perdida e vai à procura da que deambula pelas "periferias geográficas e existenciais".
*Padre