O Papa Francisco visitou uma cadeia no Panamá e confessou alguns jovens privados de liberdade no início das Jornadas Mundiais da Juventude.
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Uma vez mais, o Papa realizou um gesto inédito. E dirigiu aos jovens um importante discurso no âmbito de uma celebração penitencial em que eles se puderam confessar depois de terem ouvido uma palavra de estímulo para mudarem de vida. Cinco deles reconheceram os seus pecados perante o Papa e receberam dele a absolvição.
Na visita à prisão, o Papa vestiu a pele de Cristo que comia com os pecadores e os publicanos (os detestados judeus que cobravam impostos para os romanos). "Jesus não tem medo de Se aproximar daqueles que, por inúmeras razões, carregavam o peso do ódio social, como no caso dos publicanos - lembremo-nos que os publicanos se enriqueciam roubando o seu próprio povo, provocando muita, mas muita indignação - ou o peso das suas culpas, erros e enganos, como no caso daqueles que eram conhecidos por pecadores. Fá-lo porque sabe que, no Céu, há mais alegria por um só pecador convertido do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão" explicou o Papa aos jovens detidos.
Para o Papa, há dois comportamentos distintos e antagónicos: o dos doutores da lei e o de Jesus. "São dois olhares bem diferentes que se contrapõem. Um olhar estéril e infecundo - o da murmuração e o do mexerico, que fala sempre mal dos outros e se sente justo; e o outro, que convida à transformação e à conversão - que é o do Senhor".
Por isso, o olhar dos cristãos, seguidores de Cristo, não deve ser um olhar de reprovação, de condenação, mas sempre um olhar misericordioso que acredita na possibilidade de conversão daquele que errou, mesmo aquele que cometeu crimes horrendos. Os cristãos não podem aceitar a pena de morte, nem a prisão perpétua, porque isso significaria desistir da recuperação e da reinserção.
Também não devem embarcar em populismos que promovem a "cultura do adjetivo", que qualifica as pessoas como boas e más, que as "condena de uma vez para sempre". São aqueles que, para o Papa, "não aceitam, rejeitam esta opção [de Jesus] de estar próximo e de oferecer novas oportunidades".
Para Francisco, "uma comunidade adoece quando condena sem sensibilidade. Uma sociedade é fecunda quando consegue gerar dinâmicas capazes de incluir e de integrar, de assumir e de lutar para criar oportunidades e alternativas que deem novas possibilidades aos seus filhos. Embora possa experimentar a impotência de não saber como, nem por isso se rende, tentando de novo. Todos nos devemos ajudar a encontrar estes caminhos".
Na cadeia, com os olhos no Mundo, Francisco convidou todos "a lutar sem cessar para encontrar caminhos de inserção e transformação". Que as palavras do Papa sejam escutadas, não só pelos cristãos, mas também por todos os homens e mulheres de boa vontade. Em vez de embarcarem em populismos que rotulam os outros, que os desqualificam e marginalizam, e falarem em construir muros, as pessoas devem centrar-se na construção de pontes.
Padre