O Papa Francisco denunciou a ineficácia do sistema prisional na promoção da reinserção dos reclusos e considerou discutível a aplicação da prisão perpétua.
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As cadeias não estão a cumprir o "objetivo de promover processos de reintegração, sem dúvida, porque carecem de recursos suficientes para lidar com os problemas sociais, psicológicos e familiares vividos pelos reclusos, mas também devido à frequente sobrelotação nas prisões que as converte em verdadeiros lugares de despersonalização", disse o Papa na sexta-feira num encontro internacional da Pastoral Penitenciária, que decorreu no Vaticano.
Porque o sistema prisional não promove, como devia, a reinserção social, as pessoas são despejadas num "mundo que lhes é estranho e também não as reconhece como fiáveis, excluindo-as mesmo da possibilidade de trabalharem para obter um sustento decente". Estas vêm-se obrigadas a voltar ao mundo do crime, o único que as acolhe.
Para o Papa as cadeias terão de ser lugares que, em vez de fecharem, abram horizontes aos reclusos, mesmos aos que são condenados a prisão perpétua. Uma pena que, para ele, é, no mínimo, "discutível".
É natural que o Papa da Misericórdia acredite sempre na possibilidade da conversão, até a do maior criminoso. Na verdade, nenhum cristão pode defender, seja a pena de morte, seja a prisão perpétua. Não pode porque crê num Deus que nunca desiste da pessoa. Que até enviou ao Mundo o seu Filho para chamar ao arrependimento os pecadores e salvar o que "estava perdido" (Lc. 19,10).
* Padre