A viagem do Papa Francisco ao Canadá ficará para a história pelo caráter que ele lhe imprimiu, pela forma como a iniciou, pela debilidade física em que a realiza e pelo objetivo por ele pretendido.
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O Papa classificou esta viagem como uma "peregrinação penitencial" que dê continuidade ao caminho de reconciliação que tem vindo a percorrer com os indígenas canadianos. Em vez de iniciar a visita com um encontro com as autoridades daquele país, o Papa começou por se encontrar com os povos indígenas, aos quais pediu perdão pelas atrocidades cometidas pelos católicos. "Peço perdão, em particular pelas formas em que muitos membros da Igreja e das comunidades religiosas cooperaram, inclusive através da indiferença, naqueles projetos de destruição cultural e assimilação forçada dos governos de então, que culminaram no sistema das escolas residenciais", assumiu o Papa.
Entre 1890 e 1996, segundo um relatório divulgado em 2015 pela Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá, as escolas residenciais foram responsabilizadas pela morte de mais de três mil crianças das 150 mil que foram obrigadas a frequentá-las.
As crianças foram submetidas a "abusos físicos e verbais, psicológicos e espirituais" para assimilarem a cultura do colonizador, denunciou o Papa. Um dos sobreviventes a esses abusos, o chefe indígena Wilton Littlechild - que é membro da referida Comissão - deu as boas-vindas ao Papa. Reconheceu "com profundo apreço o grande esforço pessoal" do Papa em ir ao Canadá. E considerou "uma bênção recebê-lo e acolhê-lo".
Apesar das limitações físicas, o Papa, ao exprimir pesar e ao "implorar de Deus perdão, cura e reconciliação", engrandeceu-se pela humildade com que se apresentou a expiar os pecados da Igreja. Um belo contributo para reconciliar os povos que constituem a nação canadiana.
*Padre