Bento XVI está a ser instrumentalizado por quem quer atacar o Papa Francisco. Colocam na sua boca afirmações e divulgam alegadas discordâncias com a atuação do seu sucessor, quando ele não as pode nem confirmar nem rebater.
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Na conferência de imprensa a bordo do avião na viagem de regresso da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, o Papa foi confrontado com as tensões que se respiram no interior da Igreja Católica. Em relação à utilização de Bento XVI, por alguns, para levarem "a água ao seu moinho", o Papa esclareceu que consultou o antecessor em muitas decisões e que obteve o seu apoio.
O Papa quis deixar claro que Bento XVI não vivia "amargurado" por isto ou aquilo que ele fazia, como veio a público. Pelo contrário, sentiu que ele estava a seu lado, "apoiando".
Embora um jornalista tenha questionado o Papa sobre "tensões entre as diferentes alas da Igreja Católica", o Papa focou-se naqueles que se opõem à dinâmica que ele está a suscitar na Igreja. Se há uns que, como no passado, tentaram travar o Concílio e depois congelá-lo, há outros que pressionam para que a Igreja ande mais depressa.
O Papa, como garante da unidade, tem a árdua tarefa de não permitir que as forças mais tradicionalistas travem a reforma da Igreja - ou dela se separem. E, por outro lado, deve evitar avanços demasiado rápidos que provoquem nela novas fraturas, como sucedeu no passado. Bento XVI procurou que a ala mais avessa à mudança, nomeadamente litúrgica, reintegrasse a Igreja Católica. Compete ao Papa Francisco não deixar que os reformistas dela saiam, para continuarem a promover, a partir do interior, a sua renovação. Oxalá o Papa consiga que nem uns fiquem para trás nem outros avancem de mais. Não repetir as divisões do passado é fundamental para preservar unidade da Igreja de Jesus Cristo.
*Padre