O Papa Francisco abriu o acesso das mulheres aos ministérios laicais de leitor e de acólito. Pôs assim fim a uma tradição que, podendo "ser reconhecida como válida, e durante muito tempo o foi; não é, no entanto, vinculativa", como explica o próprio Francisco numa carta dirigida a este propósito ao prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
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Todos aqueles que se preparam para ser padres recebem estes ministérios, que são etapas para o presbiterado: primeiro o leitorado e depois o acolitado, antes de serem ordenados diáconos. Décadas atrás, Paulo VI abriu a possibilidade de os bispos instituírem leitores e acólitos, não só em ordem ao presbiterado, mas de forma estável. Fê-lo à semelhança do que sucede com o diaconado, o qual, para além de ser uma etapa para o presbiterado, também pode ser exercido de forma permanente.
Apesar de Paulo VI ter aberto essa possibilidade - e sendo certo que muitas pessoas leem nas celebrações e que crianças e jovens de ambos os sexos garantem o serviço ao altar - raros foram os homens instituídos para desempenharem esta missão.
O Papa Francisco reconhece na sua carta que "tantas" são as mulheres "que cuidaram e continuam a cuidar do serviço da Palavra e do Altar". Ou seja: muitas já o fazem informalmente, sendo que agora - tal como os homens - poderão desempenhá-lo por instituição dos seus bispos.
Eventualmente, como sucedeu com os homens, poucas virão a ser instituídas. Mas deixarão de ser legalmente discriminadas como hoje acontece. Este é mais um sinal do Papa para promoção da mulher no interior da Igreja, o qual implicou mesmo uma alteração do cânone 230 do Código de Direito Canónico, a legislação da Igreja Católica.
Segundo Francisco, compete agora às "Conferências Episcopais estabelecer critérios para o discernimento e preparação dos candidatos e das candidatas para os ministérios do leitor ou do acólito". Trata-se de uma oportunidade de ouro para dignificar o papel da mulher na Igreja, devendo distinguir-se o seu exercício (e o dos homens) com uma nova designação para quem, agora, desempenha a missão de leitor e de acólito sem instituição.
*Padre