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Não sei se o Mundo vai sobreviver a Trump ou às parvoíces de Trump, ou à mão - o assunto mãos não larga Trump - que deu ou não deu à mulher, ou à mão mal enfiada em luva branca com que deselegantemente esbofeteou os governantes da NATO em público, ou à mão com que agarrou o primeiro-ministro do Montenegro para o puxar para trás, ou à mão e dedo em riste que usa para ameaçar, vociferar e fazer birras como o menino mimado e dourado que sempre foi.
Saber da força de uma mão, ou do poder que a segura, é sempre um exercício de geometria relativa. E para a usar convincentemente nem é preciso levantar, mostrar ou cerrar. Basta ter a coragem que faltou aos líderes europeus, que levaram e calaram, mas que sobrou ao Papa Francisco, esta semana, quando recebeu o presidente dos EUA no Vaticano. Calçou a melhor luva alva que tinha disponível e aplicou uma inesquecível bofetada a Donald Trump. Não foi o sorriso que pareceu forçado ou os cumprimentos aparentemente frígidos. Nem as fotos, que involuntariamente registaram para a posteridade a nova definição de enfado. Tudo isso é espuma. Foi a classe com que deu a estocada de oferecer a Trump, um negacionista e amigo dos combustíveis fósseis, uma cópia da encíclica papal sobre as alterações climáticas. Soou a campainha. Foi vitória por KO. Trump nem teve tempo de levantar a mão.
* JORNALISTA