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Os acontecimentos em torno da TAP fizeram cair um ministro, Pedro Nuno Santos, dois secretários de Estado, Alexandra Reis e Hugo Mendes, e quase dois ministros, João Galamba e Fernando Medina. Mas a conclusão do relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à TAP não aponta críticas aos demitidos nem interferências políticas do Governo no caso da indemnização milionária da companhia aérea à ex-secretária de Estado do Tesouro.
Houve intervenção das polícias “secretas” relativamente a documentos confidenciais conexos à TAP, relações perigosas e tentativas de ocultação de informação, mas o relatório passou uma esponja sobre esses acontecimentos. Nem uma palavra, mesmo quando se ouviu o que se ouviu em 173 horas de audições.
Está à vista que as conclusões deste inquérito, à semelhança de muitos outros do Parlamento, são feitas para não ir a lugar algum. Dir-se-ia mais: servem para justificar a ação governativa. O primeiro-ministro António Costa prometeu consequências políticas no final do inquérito. Ora se são estas as conclusões, não há ilações políticas a tirar por parte de Costa, isto porque se circunscreve única e objetivamente à vida interna da TAP. Como se o Estado não fosse o seu acionista e o responsável, em último caso, por tudo que aconteceu. Na verdade, um relatório feito à medida para que não haja consequências para dentro do Governo, facilitando assim a vida a António Costa. Bem pode a Oposição gritar aos sete ventos, fazer o pino e mais uns malabarismos que o PS fará passar as conclusões que lhe convém. Terá a imagem degradada certamente, mas não será isso que o incomoda quando tem uma maioria absoluta até 2026 e uma oposição fraca que está longe de conquistar um eleitorado desiludido com os políticos. Haverá acertos no relatório preliminar. É bom que haja, nem que seja para honrar o papel dos deputados.
*Editor-executivo

