Muitos dirão que é populismo, outros que é apenas uma ação de marketing, mas renovar os rostos da classe política é, além de necessário, inevitável. Em qualquer partido.
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Porquê? Por várias razões. Mas principalmente porque há mais de duas décadas que os protagonistas são, com poucas exceções, sempre os mesmos. E porque foram os próprios a descredibilizar a política, que a entenderam como profissão. E não. Os cargos políticos não são nem podem ser um emprego para aqueles que foram eleitos por um determinado período de tempo.
A desconfiança, que, na verdade, atravessa outros setores da sociedade, está espelhada em números e estudos. As falsas promessas, as mentiras, os compadrios, os escândalos, as contradições e as próprias ditaduras dos partidos deixaram mossas que todos conhecemos.
Portanto, a aposta de Rui Rio em caras novas para cabeças de lista às eleições legislativas parece um bom prenúncio. Muitos continuarão a criticar e a estranhar as suas opções, especialmente os que estão colados à cadeira. Outros optam por bater com a porta. Será assim no PSD e será na maior parte dos partidos portugueses tradicionais. O problema é a mensagem. Mesmo que o ADN do líder do PSD não seja dado a muitas explicações, os eleitores têm de saber claramente porque é que Rui Rio deixa para trás rostos conhecidos do PSD e dá os lugares principais das suas listas a novas pessoas, que são também pessoas novas. Se as escolhas são atordoadoras, desconcertantes, deveriam ser bem comunicadas. Com todos os pontos nos is.
Em outubro, o líder social-democrata saberá se valeu a pena pôr a "cabeça no cepo", por uma mudança mais do que necessária. Um dado é certo, a próxima legislatura terá caras novas na Assembleia da República. Vamos esperar que não sejam mais do mesmo e que possam de facto refrescar um Parlamento cinzento.
*Diretor-adjunto