O problema parece ser mundial, mas, neste rectângulo à beira-mar chamado Portugal, parece andar tudo doido, com linguagens e opções televisivas de arrepiar, ultrapassando já a "gramática" dos políticos, do futebol e o mais que se verá. Tudo desagua numa fragilização social e cultural, do desencanto no futuro e no sistema democrático, parecendo que se perdeu o rumo e vamos a caminho do abismo.
Não pode aceitar-se tal "atração fatal", pois temos uma geração jovem e bem preparada e se a política, em certos aspectos, está a bater no fundo, não consta que seja por parte desta geração, embora com excepções pontuais que não devem aceitar-se como regra.
Sou dos que acreditam que a aceleração que os extremos políticos e sociais querem imprimir ao civismo e à democracia não terá êxito social e cultural, mas para isso é fundamental que a informação e quem a transmite, a Comunicação Social e o jornalismo repensem a notícia e o seu impacto na formação e comportamento cívico de quem lê, ouve ou visiona.
Que há crise ninguém duvida, que há razões para ela também, mas aceitar que os responsáveis contribuam para a acelerarem, parecendo não medir as consequências, é "outra conversa" e nisso devemos estar atentos, denunciar, como diz o ditado "até que a voz doa", pois o pior de tudo é "ficar sem voz".
A democracia e o civismo são um Estado social e cultural, um processo de vivência em sociedade que vai da família à cidade, do individual ao colectivo, passando pela casa e escola.
Nota: o autor escreve segundo a antiga ortografia

