Todas as dioceses de Portugal estão a viver a Semana dos Seminários. Todos os anos se promove esta iniciativa para que os fiéis tomem consciência desta instância formativa dos seus futuros pastores, apelando à sua oração e contribuição para esta causa da Igreja. É também um tempo oportuno para refletir sobre os próprios seminários.
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Em 1972, André Rochais (1921-1990) foi desafiado a refletir e propor, baseado na sua experiência de psicopedagogo do crescimento humano, as grandes linhas para a formação dos futuros presbíteros. Ele produziu um documento a que deu o título: "Para uma formação de homens de Deus".
Um homem de Deus, para André Rochais, é alguém com uma profunda liberdade interior e que se entregou incondicionalmente a Ele. A sua formação será um caminho que o levará a libertar-se de "toda a alienação aos outros", de tudo aquilo "que o impede interiormente de ser ele mesmo", abandonando-se totalmente "ao Espírito".
"Influencia-se mais pelo que cada um faz do que pelo que cada um diz", era a convicção de André Rochais. Sem homens de Deus, a pastoral reduz-se a propaganda.
Para se chegar a ser um homem de Deus, exige-se o "conhecimento de si mesmo", a "descoberta de Deus e da sua ação em cada um", a "libertação de todas as riquezas do ser" que "são dons de Deus" e, ainda, a "evacuação dos problemas e dos sofrimentos do passado para ficar totalmente liberto". Tudo culminará na docilidade ao Espírito, traduzida no "discernimento daquilo que é bom".
Em poucas páginas, André Rochais deixou indicações precisas para concretizar a sua proposta formativa: uma pedagogia do ser. Concluiu que as ciências humanas e, concretamente, a psicopedagogia, disponibilizam os meios necessários à formação de "uma nova geração de apóstolos". Há 50 anos, desafiava a Igreja a utilizá-los e desenvolvê-los.
*Padre