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Seria útil que o nosso espaço noticioso pudesse deixar de oscilar entre a obsessão genérica sobre os incêndios de Pedrógão e os fait-divers espumosos da silly season.
Ao contrário do que possa parecer, existem temas importantes sobre os quais devíamos estar a aprender e a discutir. Uns de mais curto prazo, outros de mais largo alcance, uns mais técnicos, outros mais políticos, mas todos a pedir uma preparação séria e, sobretudo, uma antecipação que impedisse a cobertura superficial e artificiosa (de fogo de artifício) que sempre acabam por ter à última hora.
Falo, por exemplo, do Orçamento do Estado, das Autárquicas e do Brexit.
E porque, muitas vezes, o mais difícil é fazer perguntas, aqui ficam algumas das que me inquietam.
Quanto ao Orçamento de Estado: Como tenciona o Governo acomodar os dados e as previsões sobre o nosso crescimento económico? Vai pagar dívida? Vai pagar dívidas? Vai atenuar a carga fiscal das empresas? Dos contribuintes? Vai reforçar orçamentos ministeriais? Quais? A Irlanda já fala em sobreaquecimento e já planeou para 19/20 uma... subida de impostos!
Quanto às Autárquicas: As autarquias já não têm como principal missão fazer caminhos, prover a água, o saneamento público e a eletricidade, a iluminação pública ou o apoio social básico. Num país despovoado e em transformação empresarial e tecnológica, as autarquias têm pela frente o desafio de garantir a sobrevivência competitiva do seu território, tornando-o capaz de atrair e fixar pessoas e emprego, manter e qualificar os seus ativos endógenos e governar em escala e geometria variável de acordo com um padrão de otimização que privilegie o bem-estar dos seus cidadãos e não a hierarquia centralizada da máquina do Estado. Tudo isto transcende em muito a genérica abordagem político-partidária a que temos tido acesso.
Quanto ao Brexit: O processo está em curso e ainda não se percebe o que será bom e o que será mau para Portugal. Seria útil estimular a opinião pública a perceber e a mobilizar-se por aquilo que pode, afinal, redundar numa vantagem para o nosso país. Fomos surpreendidos com o tema da Agência do Medicamento. Que mais poderá estar em causa? Quem nos ajudará a descobrir?
ANALISTA FINANCEIRA