Parabéns pelo esforço de todos os que o conseguem manter vivo há mais de um século. Parabéns porque se tivermos de nomear uma lista de instituições que marcadamente representam o Porto e o Norte de Portugal nos lembramos logo do JN, o que quer dizer que não se tem desvirtuado nem esvaziado de território.
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Parabéns porque sempre nos lembram que já passou mais um ano e sempre o fazem estimulando a discussão de temas que nos marcam e marcam o Mundo.
Parabéns porque este ano (no seu 129.º aniversário) o fizeram no Porto com um programa extremamente atual e desafiador, protagonizado por gente ilustre e culta.
Do tema "Europa para onde vamos?", segui com especial atenção a discussão dos nossos eurodeputados. Numa organização tantas vezes acusada de alienação e distância dos cidadãos, o Parlamento é ainda assim a instância mais democrática desta difícil construção. É nossa estrita obrigação tentar perceber o que fazem, o que pensam e como defendem as suas ideias, conformadas pelas das suas famílias políticas.
E o painel de que falo foi, de facto, instrutivo.
Dos eurodeputados associados aos nossos caseiros PS, PSD e CDS, ressalto a atitude positiva de quem relembra sobretudo aquilo que damos como garantido e aquilo de que tantas vezes nos esquecemos: a paz, a liberdade, a tolerância, a democracia, as melhores condições de vida que o projeto europeu nos garante há mais de 70 anos.
José Manuel Fernandes não se cansou de sublinhar o que devíamos saber de cor: a UE a 28 é o maior bloco económico do Mundo (não são os EUA, nem a China, nem...), é o espaço mais igualitário do Mundo, é a única comunidade que beneficia de uma política ativa de coesão à qual é alocado 1/3 do respetivo orçamento global.
Os problemas são inegáveis, a construção complexa e imperfeita. O segredo estará em melhorar sem destruir.
E é este paradigma que os eurodeputados dos nossos PC e BE se recusam a aceitar, impedindo assim que se olhem com maior atenção os seus argumentos, objetivamente relevantes.
Olhar para a política de coesão como uma forma de controlar o intervalo de divergência máxima entre países, considerando a divergência como um aspeto constitutivo e deliberado do projeto europeu, ou olhar para o euro ou para a organização supranacional da política monetária e cambial como barreiras discriminatórias e não como oportunidades únicas para a partilha de todas as fronteiras, é pôr-se de lado numa discussão onde todos somos poucos para perceber o que deve e como deve ser aperfeiçoado.
Mas somos nós, cidadãos europeus, que em primeira e última instância temos de fazer o esforço de um acompanhamento sério e informado e o JN será sempre um intermediário privilegiado para este caminho.
* Analista financeira