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Em alguns restaurantes começa a haver uma moda de cobrar um valor extra aos clientes que pedem para partilhar doses. Moda essa que pode ajudar a acabar com alguns dos seus seguidores.
Como adepto de sempre das virtudes da economia de mercado, acredito que mais uma vez será a lei da oferta e da procura a ajudar a resolver o problema. A bem, para quem perceber a tempo a asneira em que se está a meter. Provavelmente a mal para quem não souber interpretar rapidamente os resultados práticos da aplicação desta nova moda.
Como alguns dos meus estimados leitores já saberão (e até eventualmente já terão tido essa experiência) começou a fazer caminho em alguns restaurantes a prática de cobrar valores extras sobre a partilha de doses pedidas pelos clientes.
Claro que estas cobranças são perfeitamente legais desde que publicitadas antes das escolhas e já sabemos que a vida anda mais difícil para todos. O que naturalmente se agrava quando os custos sobem e as receitas descem.
Quem adotou esta nova cobrança justifica-se dizendo que cada vez há mais gente a querer dividir uma dose por dois ou duas por três e a recorrer também à partilha de sobremesas e que isso tem custos para os restaurantes.
Consigo perceber este argumento, mas tenho muito mais dificuldade em compreender a “terapia” escolhida. O que eu faria se tivesse um restaurante seria calcular (ou recalcular, face à subida dos custos), o valor de um determinado prato, aceitando que ele pudesse ser comido por uma ou mais pessoas. Em muitos restaurantes já é frequente vermos doses que se anunciam para duas pessoas e não conheço nenhum caso em que se faça um desconto se algum esfomeado resolver comer sozinho essa dose supostamente anunciada para dois. Posso imaginar que esta moda seja importada, tal como aquela de os restaurantes começarem a incluir na fatura final a sugestão da gorjeta. Julgo que nenhuma das duas terá por aqui longa vida...…
Cada caso é um caso e cada cabeça sua sentença, como diz o povo na sua infinita sabedoria, mas eu arriscaria dizer que será muito mais inteligente e aceitável pelo cliente uma subida de um euro do custo do prato para todos, do que cobrar esse mesmo euro como valor extra a quem quiser partilhar a refeição. Na mesma linha de quem se queixa e muito bem de termos um país que abusa de taxas e taxinhas por tudo e por nada.