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Após quatro jogos sem vencer e uma instabilidade crescente, o regresso ao Dragão vinha acompanhado de uma série de dúvidas sobre a capacidade da equipa, do ponto de vista da maturidade e da competência, para lidar mentalmente com a sua sombra, nomeadamente a sombra do que já foi esta própria época, uma equipa que parecia crescer estimulante, veloz e objectiva, reforçada por uma referência de área matadora. A contestação a Vítor Bruno, guarda-chuva de muitos em dia de aniversário, prometia um jogo cifrado e que só a musculatura ou a velocidade poderiam resolver face a uma defesa porfiada pelo Casa Pia numa linha de cinco, apetrechado com a legítima expectativa de explorar a ansiedade que podia grassar nos jogadores e nos adeptos. A primeira parte confirmou isso mesmo. O F. C. Porto queria fazer com razão mas dificilmente desmembrava a sua própria previsibilidade.
Partir para outra em casa. Sem Varela no onze inicial, por impossibilidade, e o regresso de Otávio a um Dragão que tanto o contestou no jogo frente ao Farense, ao F. C. Porto não restavam muitas alternativas, sobretudo para poder aproveitar a primeira derrota leonina e colocar-se numa posição em que só depende de si mesmo para chegar ao título nacional. Todos sabemos que é muito cedo, mas já muitos deram a Liga como perdida. Não será, porém, pela incerteza que a saída de Ruben Amorim representa que o F. C. Porto poderá ganhar jogos. Há muito a fazer na forma como a equipa se coloca em campo quando joga para Samu. O óptimo é inimigo do bom. O que parecia ser (e é) uma bela solução, não pode ser uma solução única. Os desafios da versatilidade que o F. C. Porto tão bem enfrentou no início de época, parecem estar todos confinados a um modelo único de saber como alimentar um ponta de lança.
*O autor escreve segundo a antiga ortografia