A Igreja Católica está a viver a semana maior do seu ano litúrgico, a Semana Santa. A partir de amanhã, acompanhará a par e passo os acontecimentos fundamentais da sua fé: a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. São os três dias mais importantes da liturgia da Igreja - o Tríduo Pascal.
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Essa semana iniciou-se com o Domingo de Ramos, que celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Contudo, aponta já para a sua morte. Foi lida a narração da sua paixão e morte na cruz.
Na homilia do domingo passado, o Papa Francisco fixou-se no abandono que Jesus experimentou na Paixão. E deixou um desafio aos católicos: "Jesus abandonado pede-nos para termos olhos e coração para os abandonados". Para o Papa, "as pessoas rejeitadas e excluídas são ícones vivos de Cristo, recordam-nos o seu amor louco, o seu abandono".
A paixão e morte de Jesus revestem-se de uma espetacularidade que facilmente capta a atenção dos fiéis no Tríduo Pascal. Contudo, o acontecimento fundamental que se celebra dá-se discretamente no interior de um túmulo: a Ressurreição de Cristo. Dela não há testemunhas. Somente do seu efeito, verificado na transformação da vida daqueles que se encontraram com o Ressuscitado.
Se o Papa chama a atenção para os "descartados" da sociedade e denuncia a indiferença a que são votados, não é para que nos conformemos com tais situações. Antes para que nos empenhemos em nelas suscitar a dinâmica da Ressurreição. Ou seja: os cristãos são desafiados a olhar para os que sofrem. A verem neles o Cristo que caminha para a cruz e a empenharem-se para que ressuscitem para uma nova vida.
Acreditar na Ressurreição não significa ficar de mãos postas a olhar para o céu. Implica não ter medo de as sujar para ajudar alguém a levantar-se, a ressuscitar.
Uma Páscoa feliz, vivida na atenção aos descartados no meio de nós.
*Padre