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Foi notícia, esta semana, que o Parlamento irá discutir em breve uma alteração às regras da licença de maternidade, pedida por uma petição pública. Os quase 25 mil subscritores querem que a licença paga a 100% do vencimento se alargue dos atuais quatro para seis meses. É uma pretensão justa e que depende apenas da vontade política do Governo. Mas tenho pena que a petição não tenha lembrado um outro ponto, até por experiência própria e recente: para o pai, a licença é curta, demasiado curta. Aqueles dez dias iniciais ainda em vigor parecem apenas os dez minutos finais, uns rápidos instantes de alvoroço e de entrega total, que são, também para o pai, de bastante inquietação emocional e física. Só mesmo quem não foi pai nos últimos 15 anos, ou quem leva uma vida de privilégios, é que acha que o tempo atual da licença de paternidade é suficiente. Pais recentes deste país, uni-vos! Só vocês, como eu, percebem que mais difícil do que aquele terror de entrar em casa, à chegada da maternidade, por saber que nada sabemos sobre o que é ser responsável por uma nova pessoa, é ter de bater a porta para ir trabalhar de coração apertado, por deixar mãe e bebé sozinhos e tão frágeis, tão pouco tempo depois.
JORNALISTA