Aproveitemos o espírito das festas para driblar o tom sisudo dos testes à covid e da política com eleições à vista e centremo-nos na coisa mais importante entre as menos importantes, que é o futebol, na opinião do treinador italiano Arrigo Sacchi - e eu até concordo.
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O duplo F. C. Porto-Benfica ainda está no intervalo e a crise já se instalou na Luz. A qualidade dos plantéis é evidente, pelo que a diferença (tão grande!) faz-se no resto, ao ponto de nos últimos sete jogos com os portistas as águias nem uma vitória terem para contar. Mas serão os jogadores do Benfica assim tão maus e os do F. C. Porto tão bons? Não me parece, e acredito que Conceição e Jesus estão de acordo comigo. A questão principal reside em ter um plano bem definido sobre quais são as peças e o modelo certo para chegar ao êxito. A estratégia azul e branca está à vista e passa pelos valores impostos pelo treinador. Olhamos para a equipa e vemos muito de Sérgio Conceição. Goste-se ou não, aquela postura mais vale vergar do que torcer, o sentido felino de baliza e o prazer de estar em campo acrescentam competitividade, ao ponto de acreditar que o F. C. Porto, mesmo fora da Champions, é o único conjunto português capaz de se bater com os grandes da Europa sem ter de enfiar onze jogadores dentro da área. Esta equipa de assinatura pode ser reflexo, também, da escassez de recursos da SAD portista, que acumulou prejuízos e se deixou apanhar nas malhas do fair play financeiro. Estribado no treinador, portanto, o F. C. Porto construiu, rapidamente, um modelo. Esta é a grande diferença: quando se olha para o Benfica, é difícil perceber o modelo, ou até se existe. O objetivo é ganhar, sim, e a estratégia? O grande desafio de Rui Costa será o de encontrar a política certa, que o treinador não conseguiu implementar. E estará Jesus preparado para ser comandado a partir de um gabinete? O passado no Benfica diz que não. O futuro, veremos por onde passará.
Chefe de redação