Paz social à frente da ideologia
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Se houve tema que marcou o debate político no último ano foi a questão da segurança. Os termos da discussão nem sempre foram esclarecedores e sensatos - como recentemente se constatou com o episódio Martim Moniz - mas o facto de ela acontecer é salutar. Não é por fingirmos muito que os problemas não existem, que eles vão desaparecer.
Sendo indiscutível que Portugal é um país seguro no quadro internacional, parece pacífica a ideia de querermos manter essa posição e não haver nenhum retrocesso nesta matéria. Para isso, é fundamental conter ameaças como a que constava do RASI 2023 para o distrito do Porto, onde a criminalidade violenta cresceu quatro vezes mais rápido do que em Lisboa - isto para citar apenas um exemplo próximo e gravoso. Essa contenção só é possível fazer com um reforço do policiamento visível e com ações preventivas por parte das forças de segurança, que dissuadam comportamentos marginais ou violentos.
Em vez de transformar este assunto numa guerra de trincheiras, devíamos olhar com ponderação para a realidade e assegurar que o país se mantém efetivamente um território seguro, pacífico e acolhedor. Onde pessoas de diferentes origens e estratos sociais podem conviver em harmonia, perfeitamente integradas e com iguais oportunidades de cumprirem o seu projeto de vida. Ao mesmo tempo, é fundamental assegurar o cumprimento do Estado de direito, com liberdades e garantias, mas também inerentes obrigações, em respeito pela lei e pela ordem pública.
Defender estes princípios não é ser extremista ou securitário. É ser apenas sensato e responsável. Assegurar este equilíbrio é preservar um dos (poucos?) ativos estratégicos de que dispomos face a outros países membros da UE e que é absolutamente crucial para, por um lado, mantermos a paz social pela qual sempre fomos conhecidos; por outro, garantir uma estabilidade que é essencial ao turismo, à atração de investimento direto estrangeiro e à competitividade da nossa economia.
Fica, assim, expresso o desejo de que, em 2025, tenhamos um ano de maior consenso em matéria de segurança pública, colocando o bem-estar dos cidadãos à frente de querelas culturais e ideológicas. Votos de um feliz Ano Novo para todos.