Na passada crónica tive oportunidade de olhar de uma forma especial para o já muito famoso PEC. Hoje, para além de relembrar o irrealismo de um plano que prevê maior e mais complicada tributação para os contribuintes (é absurda, no plano económico e jurídico, a ideia de diminuir de forma progressiva as deduções à colecta relativas à Educação e Saúde para os contribuintes), também chamo a atenção para o facto de as previsões para a evolução da nossa riqueza se encontrarem entre as piores para os estados-membros da União Europeia.
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E de outra maneira não poderia ser. De facto, Portugal tem problemas estruturais profundos que se acentuaram na última década. Não é possível manter uma situação em que, para além da gravidade dos números do défice e do endividamento, o país mantém uma balança de pagamentos com o exterior com dados lamentáveis. Aquilo que uma pequena e periférica economia necessita é de mais competitividade. Para isso, o sistema de justiça tem de ser célere, o sistema fiscal deve encontrar-se entre os mais competitivos, o sistema de licenças não pode complicar de forma desproporcionada a vida dos empresários, os incentivos à criação de riqueza têm de aparecer, e um sistema de Educação exigente, livre, autónomo e sério não pode deixar de ser uma aposta política clara.
Enquanto isso não acontecer continuaremos com primeiros-ministros, como José Sócrates, que ficam sistematicamente à espera de outros números para o desempenho da economia. A perda do poder de compra e o decréscimo de qualidade de vida dos portugueses continuará com planos pura e simplesmente feitos para os analistas mas que esquece a necessária rapidez de resposta da economia. Enquanto tal não suceder continuaremos a ser caracóis económicos e a pôr as mãos na cabeça.