A forte suspeita de pedofilia que recai no advogado que foi adjunto de uma ex-ministra da Justiça e professor na Faculdade de Direito de Lisboa provoca náuseas. Não posso ou devo escrever sobre este caso em concreto. Não apenas pela presunção de inocência, mas também pela gravidade do que está em causa - preferia ser suspeito de um caso de homicídio do que de um caso de abuso de crianças. Por isso, não conseguiria voltar a escrever se, daqui a umas semanas, a PJ pedisse desculpa pelo equívoco. No entanto, enfrento o elefante na sala. O que fazer aos homens que violam crianças com quatro, cinco, dez anos? Forçá-los a cumprir penas mais pesadas? Investir ainda mais em terapias de cura? Sinceramente, não me parece. Uma das bandeiras da extrema-direita em Portugal tem sido a castração química dos pedófilos, o que tem levado a uma reprovação geral por parte da Esquerda parlamentar. Sendo eu de uma Esquerda moderada, mas convicta, não acompanho os argumentos dos que recusam a hipótese. Não percebo sequer a razão para que os pedófilos não sejam castrados quimicamente - a mera possibilidade de repetirem atos criminosos contra crianças deveria ser suficiente para que o Estado não corresse riscos. Deixar ao Chega o monopólio da defesa das crianças que são abusadas é um absurdo. Alguém que viola uma criança não pode voltar a fazê-lo. Só a possibilidade de o repetir é uma ideia repugnante e doentia. Não podemos correr o risco.
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