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Privacidade é um conceito cada vez mais fora de moda. Pouco nos interessa que Google, Facebook, Xiaomi e outras empresas semelhantes saibam tudo sobre nós. Até agradecemos que saibam e que o nosso mundo digital se molde em redor das nossas preferências. Esquecemo-nos de que há sítios no mundo em que dar a conhecer aos outros um pouco mais de nós pode terminar mal: a dormir numa prisão ou "ainda mais deitado, o coveiro que o diga". Há estados que pagam para usar software especializado em espiar, como o israelita Pegasus. Usado por estados como Azerbaijão, Índia, México e Marrocos, torna-se num atentado aos direitos humanos, como explicam os jornalistas responsáveis pelo "Pegasus Project", investigação ao uso dado por certos países a este poderoso software capaz de se infiltrar em telemóveis sem ser detetado.
A investigação foi divulgada em 2021, mas ainda hoje pouco se fez. Em outubro, a Apple voltou a alertar alguns jornalistas e opositores políticos indianos que estariam a ser espiados pelo Estado. Narendra Modi tomou logo medidas, mas não as certas: atacou a Apple e pediu para se suavizar o impacto político das mensagens. Democracia é como as empresas: há as sérias e as de vão de escada.