O desenvolvimento económico e social do interior é um tema recorrente, sendo habitualmente muito elevada a diferença entre as expectativas criadas e a sua concretização efetiva.
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O Governo atual foi um dos que foram mais longe neste domínio, criando mesmo uma unidade de missão para o efeito, que produziu um documento com 163 medidas específicas, das quais não mais se ouviu falar, em especial depois da sua primeira responsável se ter demitido e remetido a um silêncio eticamente irrepreensível. Quando vemos áreas do território como o Douro Sul a não terem um cêntimo inscrito no plano de investimentos públicos em infraestruturas, ficamos bem cientes da forma como os responsáveis políticos tratam o problema.
Assistir à degradação continuada da N222, com situações de risco diário que podem a qualquer momento deitar por terra anos de trabalho na promoção turística do território duriense, dá que pensar. Os apoios à utilização de transportes públicos são também sintomáticos. Se é compreensível o valor absoluto mais elevado nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, face à maior concentração populacional, seria expectável um valor de apoio individual superior nas zonas de baixa densidade. Mas, para surpresa, é também onde se concentra mais população que os valores per capita são mais altos! E se em política o que parece é, então estamos perante uma clara situação de eleitoralismo.
Por isso só nos resta continuar a trabalhar e ser ainda melhores, porque como já há muito afirmei: em matéria de centralismo o pior dos governos será sempre o que está. A recente estratégia desenvolvida na UTAD de trazer para dentro do Campus Universitário a fase inicial de investimento em emprego qualificado de grandes empresas foi fortemente elogiada pelo comissário europeu Carlos Moedas. Acreditamos que há na nova centralidade de Vila Real e concelhos vizinhos um enorme potencial de criar valor através do investimento associado a emprego qualificado, que a prazo poderá produzir uma mudança muito positiva no nível e qualidade de vida deste espaço territorial.
Porque o retângulo não tem obrigatoriamente de se inclinar sempre para o litoral e depois para sul, terminando com a quebra na zona do estuário do Tejo, por onde tudo se esvai na intrincada rede de interesses do poder central.
* PROFESSOR CATEDRÁTICO, VICE-REITOR DA UTAD