O actual sistema de segurança social é injusto, agrava as desigualdades e caminha vertiginosamente para a bancarrota. É profundamente injusto porque consente que, enquanto uns poucos recebem valores milionários, acumulam pensões e mesmo estas com salários, outros sobrevivem com reformas de miséria da ordem dos 300 euros por mês. E ainda por cima é insustentável. Como os fundos de reserva não são suficientes, as pensões de reforma serão, para muitos de nós, uma miragem.
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A verdade é que o modelo falha desde logo no objectivo. Este não deveria ser o de garantir na reforma proventos semelhantes aos da vida activa, mas apenas acautelar meios para uma vida condigna na velhice. Foi aliás esta a fundamentação para o primeiro sistema de previdência social, com Bismarck, na Alemanha, há mais de 100 anos.
Assim, impõe-se uma mudança de paradigma, a evolução para um novo sistema, em que todos tenham uma reforma condigna e de igual valor. Pois se é verdade que um administrador de uma sociedade deve ganhar mais do que um operário - uma vez que tem maiores responsabilidades - já não faz qualquer sentido que, uma vez reformados, para custearem as suas necessidades, gestor e operário tenham pensões diferenciadas.
É certo que se todos vão receber por igual, todos deverão também igualmente contribuir. Os trabalhadores activos deveriam pois descontar apenas um valor mínimo mensal e não como hoje, em que cerca de um terço do salário é canalizado para o sistema de segurança social público. Todos disporiam assim de maior rendimento, podendo encaminhar uma parte para sistemas complementares de reforma ou outro tipo de investimentos.
E os direitos adquiridos? Aos reformados actuais deveria ser garantida uma e uma só pensão; e quem tenha já uma longa vida contributiva deve poder optar pelo novo sistema ou permanecer no actual.
A opção é, pois, clara. Ou há coragem de implementar um novo modelo, justo e sustentável, ou, num muito curto prazo, teremos a falência da Segurança Social.