<p>Apresentei-me no aeroporto duas horas antes do voo para o Recife e logo entrei numa fila para aceder ao espaço dos check-in. Demorada, pois alguns familiares ou amigos de outros passageiros também queriam entrar sem bilhete. Depois pus-me na fila para o check-in. Ao chegar a minha vez entreguei um papel da agência de viagens com o código da reserva e o passaporte e pus a mala de porão no tapete. Esperei algum tempo, mas logo comecei a desconfiar que havia problemas. O computador não respondia. Ao fim de alguns minutos a funcionária fez um telefonema, mas ninguém atendeu. Insistiu e nada. Pediu-me que aguardasse um momento e ausentou-se. Quando regressou esclareceu-me que fora falar com um superior no sentido de resolver um problema. O nome que constava da reserva não correspondia ao do passaporte. </p>
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A agência de viagens (brasileira) reservara o meu bilhete (electrónico) em nome de «Bastonário António Pinto». Eu tentei explicar que «Bastonário» não era um nome, mas sim um título, como «Dr.», «Eng.» ou outro qualquer. Ela disse que compreendia, mas que o sistema informático não aceitava e não emitia o talão de embarque. Voltou a telefonar mas, novamente, ninguém atendeu do outro lado. Então, chamou um funcionário com um aparelho de comunicações rádio na mão e ele, depois de se inteirar do que se passava, foi também falar com o tal superior, mas igualmente sem sucesso. Quando voltou, disse-me para o acompanhar.
Retirei a mala do tapete e fui à loja da TAP no aeroporto. Esperei na fila para ser atendido pela única funcionária que estava no balcão prioritário e das situações de última hora. Quando chegou a minha vez lá lhe entreguei o código de reserva e o passaporte e expliquei-lhe o que se passava. Ela leu, digitou qualquer coisa no computador, esperou, esperou e, por fim levantou-se e foi falar com uma colega com ar de superiora hierárquica que trabalhava numa secretária destacada. Ela viu o papel, falaram, falaram e regressou. Sem me dizer nada começou novamente a escrever, a escrever e, por fim, lá me entregou um papel agrafado ao que eu lhe dera e explicou-me que teve de proceder à alteração do nome da reserva. Compreendi perfeitamente.
Saí a passos largos para fazer o check-in (agora noutro balcão), entrei na respectiva fila (bastante pequena) e finalmente lá me foi dado o talão de embarque (porta 42-A) e à pressa dirigi-me para o controlo de bagagens. Entrei na fila (não muito grande) e lá passei. Não acusou nada. Desta vez eu estava limpinho.
Caminhei algumas centenas de metros a arrastar uma mala de mão até que cheguei a uma fila imensa para o controlo de passaportes. Havia muitos cidadãos da União Europeia a viajar. Lá passei mais esse obstáculo e caminhei mais uma infinidade de metros até que cheguei à porta de embarque nº 42-A. Entrei na fila, mas logo desconfiei. Só lá estavam umas 5 ou 6 pessoas. Não é normal nos voos para o Brasil. Saí da fila e fui perguntar à funcionária se era ali o embarque para o Recife. «Não. Aqui é para a Tunísia. Para o Recife mudou. Agora é na porta 46».
Fiz-me outra vez ao corredor e caminhei, caminhei longamente, mais uma centena de metros (que me pareceram quilómetros) e entrei numa fila enorme. O embarque ainda nem sequer tinha começado. Estive na fila cerca de 15 minutos até que optei por relaxar um pouco e sentei-me. Decidi que iria embarcar em último lugar. Quando a fila estava no fim aproximei-me entreguei o talão e o passaporte e entrei na manga à pressa, pois não via ninguém à minha frente (desta vez a TAP não me oferecera aquele magnífico passeio de autocarro pelo aeroporto). Porém, ao passar o primeiro cotovelo, lá estava, outra vez, mais uma fila à minha espera, agora para entrar no avião. Lenta, muito lenta, porque a bagagem de mão dos portugueses e brasileiros demora muito tempo a colocar nas bagageiras do avião e enquanto isso não acontece os outros passageiros não entram.
Por fim lá cheguei ao meu lugar, mas estava ocupado por um italiano que prontamente me pediu para trocar com ele. Arrumei a mala de viagem e sentei-me então no lugar que o italiano me indicara. Depois do fecho das portas e das pantomimas habituais, ainda esperamos mais de 20 minutos até que o avião começou a mover-se lentamente para a pista de descolagem. Passavam cerca de 50 minutos da hora prevista para o voo. Aos costumes, o comandante lá arengou os cumprimentos e as informações da praxe e pediu desculpas pelo atraso. Eu recostei-me no assento e disse para mim mesmo: «Estás desculpado». Depois, fechei os olhos e, confiante, abandonei-me à sua perícia.