É uma evidência mas é preciso sempre repeti-la: tudo é feito de memória. A identidade vai sendo amontoada, empilhada e arrumada com a organização possível, sempre volátil, nunca estanque. A memória constrói-se, vai-se construindo, normalmente aos repelões e em precário equilíbrio.
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É por isso, pelo risco de rarefação, que um país não pode deixar de a exercitar, para que não se apague esta herança fundamental: as histórias que nos deram a Liberdade.
Se metade dos portugueses não sabem responder a perguntas básicas sobre Abril, o país falhou à sua História e desinteressou-se pelo seu futuro. E a "pequena luz bruxuleante" de Jorge de Sena, que vai "brilhando incerta mas brilhando", fica afinal em risco de ceder ao "sopro azedo dos que a não veem / só a advinham e raivosamente assopram".
* JORNALISTA