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Nas últimas semanas, a situação política nacional tem ocupado a maioria destas crónicas. Creio que a importância do momento que vivemos assim o justificou
Regresso, agora, a um olhar sobre o Porto, onde as dificuldades de Rui Moreira aumentaram significativamente nas últimas semanas. Sabendo-se que não há insubstituíveis, o trágico desaparecimento de Paulo Cunha e Silva não será facilmente ultrapassado. Na cultura, mas também no xadrez político da Câmara, onde era, indubitavelmente, o "abono de família" de Rui Moreira, tapando, com o seu dinamismo, a inércia que se regista noutras áreas de atividade. Sendo o seu substituto - mais um vereador do CDS - um desconhecido, o seu histórico nas redes sociais, designadamente na apologia de Salazar e no ressentimento face ao 25 de Abril, não prefigura nada de positivo... (refira-se que, desde o início do mandato, o CDS passou de um para dois vereadores e apoderou-se da presidência da Assembleia Municipal através do afastamento de Daniel Bessa).
As saídas de Matos Fernandes, presidente da Águas do Porto, para ministro do Ambiente, e de Azeredo Lopes, chefe de Gabinete de Rui Moreira, para ministro da Defesa, também não serão facilmente ultrapassáveis (quanto mais não seja, porque foram as "primeiras escolhas"). Sendo apenas surpreendente neste processo o apagamento de Manuel Pizarro, que, desde a vitória de Costa no confronto com Seguro, era o mais ministeriável de todos, tendo vindo a perder gás nos últimos meses, em termos nacionais e municipais...
Mas, para além desta mudança de peças no xadrez camarário, há vários processos que se arrastam e que, ao contrário do prometido, não estarão concluídos durante este mandato: o Bolhão, o Rosa Mota, a reabilitação do Bairro Rainha D. Leonor (blocos) e o Aleixo serão os mais significativos. A que acresce o mal-estar que o processo de reabilitação do quarteirão da Praça de D. João I tem causado no seio da maioria - e a que voltarei de uma forma mais desenvolvida em próxima crónica. E ainda o esboroamento das maiorias do movimento de Rui Moreira nas freguesias, com demissões em barda, acusações graves entre os seus eleitos e retiradas de confiança política.
Nada disto augura algo de bom para a reta final do mandato, normalmente caraterizada por um acréscimo de dinâmica e pela conclusão de projetos. A única boa notícia para Rui Moreira parece ser a divisão no seio do PSD, cujos vereadores votam cada um para o seu lado, onde também já há retiradas de confiança política e acusações de falta de coerência...
No Porto, as dificuldades de Rui Moreira aumentaram significativamente nas últimas semanas. Nada que augure algo de bom para a reta final do mandato, normalmente caraterizada por um acréscimo de dinâmica e pela conclusão de projetos.
, ENGENHEIRO