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Há mais ou menos um ano, face a uma diminuição não muito acentuada, mas relevante do número de alunos que entraram nas universidades e politécnicos do Interior do país, surgiram vários alertas. Esse movimento de redução do peso do Ensino Superior fora dos grandes centros urbanos (leia-se Litoral) comportava - e comporta - riscos que inevitavelmente se iriam acentuar. Nessa altura, exaltava-se o nascimento de novos cursos com sucesso imediato e notas de acesso a baterem recordes e nesses momentos quase ninguém olha para atrás para se preocupar com quem começa a ter dificuldades em acompanhar o passo.
Este ano, os sinais continuam e acentuaram-se: olhe-se para o processo de colocação da terceira fase de acesso e aquilo que se prevê há muito está a acontecer a um ritmo cada vez mais apressado. A taxa de ocupação do ensino politécnico, que tinha sido de 86,2% em 2024, ficou agora pelos 67,7%. E claro que mesmo entre os politécnicos, a realidade não é uniforme e quem enfrenta mais dificuldades são, obviamente, as escolas longe das grandes cidades do Litoral. Pela primeira vez, há seis instituições com menos de metade das vagas ocupadas e três dessas têm taxas de ocupação que rondam os 30% - Tomar, Bragança e Guarda.
A conclusão é simples e absolutamente idêntica àquela que há um ano esteve nesta mesma página: continuamos a ignorar os sinais, cada vez mais insistentes, que nos confirmam aquilo que todos sabem, mas sobre o qual pouco ou nada é feito. Percorremos um caminho - cujo retorno se revela cada vez mais como uma miragem - em que o Interior perde atratividade e as suas instituições são abandonadas para morrer no esquecimento. Os sinais mais evidentes chegaram agora destes politécnicos, mas um dia, não muito distante, pouco vai sobrar e então será ainda mais difícil reverter as perdas.