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O caso de Paulo Núncio, tal como o do governador do Banco de Portugal, tal como o das SMS de António Domingues, só me deixa completamente perplexa pela aparente impossibilidade de dar resposta a perguntas simples.
Fica o exercício para o caso das offshores:
1. O diretor-geral dos Impostos entendia que era necessário publicar a lista das transferências; porque é que esperou quatro anos por uma (não)resposta à sua comunicação?
2. Teremos de nos contentar com chefias públicas que burocraticamente "sacodem a água do capote"? Não terá ocorrido ao sr. diretor-geral insistir? Pedir uma reunião? Ou tê-lo-á feito? Se o fez, porque não diz?
3. As listas geradas pela informação descarregada no Portal das Finanças pelas instituições financeiras são a única forma de fazer o cruzamento com os valores declarados pelos titulares?
4. Se não, porque não se sabe, preto no branco, se houve ou não evasão fiscal?
5. Se sim, porque é que a constatação de que haveria alguma coisa de errado se fez de forma tão ocasional? Um belo dia, a Autoridade Tributária (AT) resolve experimentar um novo software e, hélas, dá-se conta de que as diferenças são tão grandes entre o último ano e o anterior que é preciso gerar todas as listas de novo. E quando as gera verifica que estava tudo errado de, pelo menos há quatro anos a esta parte?
6. Ou seja, que regras presidem à gestão dos sistemas de informação de apoio ao sistema de declaração e verificação inspetiva fiscal? Alteram-se os softwares quando calha?
7. Já agora, quando se reexportaram os dados do Portal das Finanças para o sistema central da AT o critério foi olhar para os anos em que as listagens não foram publicadas ou fazer o levantamento de todos os anos em que o software em uso produziu informação errada?
Outro tipo de questões, as políticas, são as esperadas e, infelizmente, não servirão para aclarar coisa nenhuma.
O PCP/BE não convenceu sobre a proteção do" grande capital", o PS não resistiu ao "divertimento" mediático que lhe foi oferecido e o PSD não foi capaz de se explicar.
Ficamos todos frente a frente a uma máquina do Estado cujos procedimentos desconhecemos e que, aparentemente, o mandato político não tolhe.
ANALISTA FINANCEIRA