Longe da guerra, perto dos turistas. Este é o posicionamento ótimo de Portugal. A Comissão Europeia prevê um crescimento do produto interno bruto (PIB) para este ano de 5,8%, o mais alto da União Europeia (UE).
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O regresso dos turistas é o motivo principal para superar os 4,9% inscritos no Orçamento do Estado para 2022. O fator distância não é de todo desprezável. No caso da Grécia, país bem mais próximo do cenário de guerra, a recuperação dos fluxos turísticos externos também irá ajudar a economia a crescer, mas neste caso "apenas" 3,5% este ano e 3,1% em 2023.
Apesar do aparente feito alcançado, não convém embandeirar em arco só pelo facto de crescermos mais do que todos os nossos parceiros da UE num dado período. Dois motivos concorrem para essa aconselhável moderação: crescer 5,8% depois de cair 8,4% em 2020 e de crescer apenas 4,9% em 2021 (média da Zona Euro foi de 5,4%) acaba por constituir uma vitória de Pirro sem impacto real na nossa economia. Esse desempenho é pífio igualmente pelo facto de Bruxelas antever um crescimento de apenas 2,7% no próximo ano.
O presidente da República tem razão ao dizer que Portugal é um "beneficiário líquido" da situação vivida a nível internacional, por ser visto "como longínquo da guerra" na Ucrânia. Aliás, o mesmo sucedeu há alguns anos devido aos ataques terroristas no Velho Continente. O aumento de ameaças e de atentados entre 2002 e 2016 em países como França, Alemanha e Reino Unido provocou uma reorientação e um desvio dos turistas da Ásia, América do Norte e Europa para destinos como Portugal.
A jusante destas perspetivas relativamente otimistas encontra-se um problema que vem à tona quando os fluxos turísticos se intensificam: a falta de mão de obra capaz de responder à procura. A solução estaria numa via verde para estrangeiros que queiram trabalhar na fileira do turismo em Portugal.
*Editor-executivo-adjunto