Quatro mil, 3200, 2300. Foi esta a evolução do número de caracteres que me são atribuídos para esta minha coluna semanal. Ao contrário do que pode parecer, é mais difícil escrever pouco do que muito. É preciso dizer o mesmo em menos espaço. Obriga a repensar e a reorganizar o método de escrita. A ser comedido. Mais eficiente, diriam os economistas.
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Ao fim e ao cabo, um desafio semelhante ao enfrentado pela economia portuguesa. Difícil. Sobretudo por romper com a rotina estabelecida que pede sempre mais recursos para resolver qualquer problema. É esse o papel das corporações. Pedir recursos. Sejam pessoas, edifícios, carros, equipamentos. Ou salários, pensões ou subsídios. Na Saúde, na Educação, na Justiça, nas Forças Armadas, nas empresas. A poupança de recursos não faz parte da maneira de pensar estabelecida.
Somos maus a Matemática. Não percebemos que, mesmo que tivéssemos as contas equilibradas, o somatório de todos os meios requeridos seria suficiente para levar o país à falência. Como já estamos "mais para lá do que para cá", nem seria preciso aceder a muitas reclamações para, num curto espaço de tempo, rebentarmos de vez. Cavaco avisou: gastamos de mais, a situação é explosiva. Portugal tem colada a etiqueta "Cuidado. Perigo de explosão. Danger. Handle with care".
Como lhe compete, o presidente pede bom senso e um esforço de convergência na gestão do actual processo. Ao Governo. E à Oposição. Em geral. Nas entrelinhas, lê-se um recado especial para quem pode ser alternativa de governo.
Com a sua tomada de posição, numa altura em que PSD e PS andam à deriva, Cavaco arriscou. Fez bem. O primeiro teste anuncia-se para breve, com a questão da carreira dos professores do Ensino Secundário. O PSD arvorou--se em relações públicas dos sindicatos, reclamando uma solução no Parlamento para o impasse negocial. Dispõe-se a ceder em toda a linha, ignorando irresponsavelmente os custos que daí decorreriam e o precedente que se estabeleceria. Precisamente por dever ser uma prioridade nacional, a Educação precisa de uma solução estrutural que não é, certamente, a de capitular perante interesses corporativos. Como qualquer partido de poder sabe. Só que o PSD actual não o é. Seria irónico que fosse o seu próprio partido o primeiro a desautorizar Cavaco Silva! Irónico e trágico. n