Perseguição aos cristãos deixa Ocidente indiferente
Há dias, o Papa chamou a atenção para "a dramática situação dos cristãos que estão a ser perseguidos e mortos em cada vez maior número", o que acontece diante de todos, que muitas vezes "olham para o lado". Fê-lo na audiência aos membros da Ordem do Santo Sepulcro, no passado dia 16 de novembro.
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Esta situação é confirmada pelo relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, que a organização internacional católica "Ajuda à Igreja que Sofre" tem publicado de dois em dois anos. As comunidades cristãs continuam a ser as mais perseguidas no Mundo, ainda que desde 2016 a situação tenha melhorado um pouco com o recuo do autodesignado Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Tudo isto acontece envolto numa "cortina de indiferença por trás da qual as comunidades religiosas vulneráveis sofrem, sendo a sua luta ignorada em grande parte do Ocidente", constata a organização.
O mundo ocidental está mais focalizado nas "questões de género, sexualidade e etnia", enquanto "a liberdade religiosa cai nos rankings de prioridades dos direitos humanos".
O relatório apresenta como exceção o destaque que mereceu na opinião pública a perseguição da maioria budista no Myanmar (ex-Birmânia) à minoria muçulmana rohingya. Desde 2012, o movimento nacionalista Comité Budista para a Proteção da Raça e da Religião, conhecido como Ma Ba Tha, promove uma campanha de discriminação e violência contra aquela etnia muçulmana. Esta já mereceu a classificação de "limpeza étnica" por parte do secretário-geral da ONU, António Guterres, o qual ainda recentemente defendeu a responsabilização dos autores desta perseguição.
Graças ao destaque que a ONU deu a esta crise humanitária, ela não foi envolvida pela "cortina de indiferença" a que são votadas no Ocidente tantos outros ataques à liberdade religiosa, nomeadamente contra os cristãos, que são os mais frequentes. Segundo o relatório, 75% das perseguições religiosas dirigem-se contra as comunidades cristãs espalhadas pelo Mundo.
É certo que a minoria rohingya é considerada "a maior população apátrida no Mundo" e, por isso, até mereceu uma declaração de voto no Parlamento Europeu do deputado comunista português João Pimenta Lopes. Contudo, são muitos mais os cristãos que se viram forçados a abandonar os seus países por causa da perseguição que sofreram, a maior parte das vezes motivada pelo fundamentalismo islâmico. Ainda no sábado, o Papa Francisco recebeu o presidente iraquiano, Barham Salih, e pediu-lhe que garantisse condições para "que todos os que foram obrigados a abandonar as suas terras de origem possam regressar". No Iraque, em virtude da perseguição pelo Estado Islâmico, o número dos cristãos diminuiu de um 1,5 milhões para 500 mil.
A ocidente, é mais fácil mobilizarem-se alguns setores para condenar ataques contra outras minorias do que as perpetradas contra os cristãos. Na nossa sociedade, está-se mais habituado a criticar do que louvar os cristãos e a Igreja. E quase ninguém os defende quando são mortos e perseguidos pelo Mundo fora.
Padre