Sou fã confessa de Ricardo Araújo Pereira e secretamente espero que um dia destes se resolva a escrever sobre este tema com a graça e a inteligência que o caracterizam.
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Falo da sugestão da PETA - Peolpe for the Ethic Treatment of Animals - de se alterarem as palavras que fazem parte de expressões idiomáticas ou ditados que incluem animais.
A título de exemplo, sugere-se que a expressão "matar dois pássaros com uma pedra" que corresponde ao nosso "matar dois coelhos com uma cajadada" passe a dizer-se "alimentar dois pássaros com um scone", ou que o verso da canção "atirei um pau ao gato" passe a ser "atirei com um peixe ao gato".
A lista é grande e, francamente, ridícula. Se, em questões de linguagem, fizermos tábua rasa do costume, do tempo de uso, das origens, do pacto ficcional sobre o seu significado, não vamos parar. Entraremos todos numa espiral do politicamente correto que há pouco tempo se chamava censura.
Infelizmente estamos para isso e, por cá, não deve estar a faltar muito para que o BE se aprimore na defesa desta causa que, pelos vistos, é especialmente dedicada aos cães, gatos e cavalos; sim, porque "atirar um peixe ao gato" não parece lá muito simpático com o peixe.
É como a história da proibição de controlar a proliferação de animais vadios que ameaçam a saúde pública. Ao invés de poderem ser abatidos sem sofrimento, estão empacotados em sobrelotação indigna em todos os canis públicos que conheço. O PAN, nesta matéria, não é politicamente incorreto. É hipócrita!
Mas, neste tema dos ditados e expressões que evocam um potencial sofrimento de um potencial animal, estamos ainda nas frases que metem "paus" e "pedras".
Vamos, por este andar, avançar para o tema do sofrimento psicológico ou para o do insulto à personalidade do animal.
Os que deixo abaixo devem qualificar-se para uma limpeza ética:
"Um olho no peixe, outro no gato", "quem não quer ser lobo que não lhe vista a pele", "à noite todos os gatos são pardos", "não adianta lamentar a morte da bezerra" ou mesmo "se a ferradura trouxesse sorte, o burro não puxava carroça".
É caso para dizer que, ocupar deputados da nação com este assunto é, no fundo, "alimentar eleitos a pão de ló".
Analista financeira