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Quando o país é Brasil e o tema são as eleições presidenciais, penso que a pergunta tem uma resposta clara: sim. Ao contrário do que prometia o palhaço-candidato Tiririca, provavelmente a situação vai ficar ainda pior. Na melhor das hipóteses, teremos um Brasil adiado durante os próximos quatro anos.
No dia 28 de outubro o maior país de língua oficial portuguesa terá um novo presidente da República. A partir do próximo domingo e até lá, o Brasil corre o risco de ver agravada a radicalização entre dois polos, sem sombra de moderação ou de equilíbrio. Entre o candidato que recupera o estilo dos tempos da ditadura militar e o que há de pior num partido que conseguiu corromper todo um Estado, não existe meio-termo, terceira via ou espaço de diálogo. Não há extremistas maus e extremistas mais ou menos. Há, isso sim, uma imensa falta de qualidade e uma assustadora ausência de soluções. O Brasil perdeu o centro.
Entre nós, a moda do #EleNão saltou facilmente as fronteiras da Esquerda radical e contagiou a opinião de pessoas que tenho como moderadas, casos de Marques Mendes ou de Murteira Nabo. Isto para não falar da habitual tendência da Imprensa portuguesa para, não sendo parte, tomar descaradamente partido em tudo o que sejam eleições em países estrangeiros. Uma forma envergonhada de, por analogia e para efeitos internos, procurar influenciar os eleitores portugueses. A evidência que ninguém parece querer reconhecer é que movimentos semelhantes ao #EleNão já por várias vezes produziram como consequência a eleição do candidato que pretendiam combater e derrotar.
O Brasil é a nona economia do Mundo. Mas é também uma economia fechada, totalmente protecionista. E, no próximo mandato presidencial, isso não vai mudar. Ganhe Haddad ou ganhe Bolsonaro, ganhará por exclusão de partes. A partir do dia seguinte a agenda será a de um Governo de claque, procurando a exclusão da outra parte. Quando os extremos se tocam de forma tão simétrica torna-se realmente difícil distinguir qual dos dois (maus) candidatos é pior.
Depois da corrupção com Lula e da estagnação com Dilma (Temer, basicamente, não conta), vêm aí quatro anos de suspensão e de paralisia. Este é mesmo o melhor dos cenários. A sociedade brasileira terá que ser muito forte e resistente para garantir que não é a própria democracia a ficar suspensa ou paralisada.
EMPRESÁRIO E PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PORTO