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As alterações climáticas deixaram de ser uma ameaça distante para se tornarem o nosso quotidiano. Invernos de chuva e ventos devastadores, seguidos de verões abrasadores, com temperaturas quase insuportáveis e incêndios que devoram territórios, como os que vivemos este verão. Já não há tempo para adiar. As cidades, onde vive quase 50% da população, precisam de reinventar-se.
É urgente que o planeamento urbano seja também climático. Isso significa redesenhar ruas e praças para deixarem respirar o vento e a água, transformar telhados em jardins, pavimentos em superfícies permeáveis e muros em fachadas vivas. Significa criar estruturas verdes contínuas, corredores ecológicos que ligam parques, jardins e linhas de água. Esta espinha dorsal é mais do que paisagem: é infraestrutura vital, capaz de reduzir ilhas de calor, reter águas pluviais e oferecer abrigo à biodiversidade e às pessoas.
Mas não basta plantar árvores; é preciso integrá-las no sistema de mobilidade. Que as novas ciclovias e passeios caminhem lado a lado com a sombra, que a mobilidade suave encontre refúgio sob copas frondosas, e que cada deslocação seja também um encontro com a natureza.
Este é o paradigma a assumir: planear para o clima, pensar para as pessoas, construir para o futuro. A cidade que se fecha em betão adoece; a que se abre ao verde resiste. Ainda vamos a tempo, mas apenas se tivermos a coragem de agir já. Porque a resposta ao desafio climático não pode esperar.