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O nosso país está a ter um novo problema com a instalação de quilómetros de parques de energia solar sobre terrenos agrícolas. Paisagens cravadas de espelhos pretos, ecossistemas naturais de fauna e flora postos em causa, bem como populações inseguras e em stress. A localização de parques solares exige novos cuidados para equilibrar a necessidade das energias renováveis com os impactes ambientais, sociais e económicos que lhes são imputados. Não deveriam ignorar a proteção dos ecossistemas e da biodiversidade, realizando avaliações de impacte ambiental rigorosas, para identificar e mitigar as suas repercussões locais.
Há, contudo, boas práticas por este mundo fora, quando se instalam em terrenos marginais degradados ou contaminados, ou em áreas de baixa qualidade agrícola; quando se implementam sistemas agrovoltaicos que permitem a coexistência de atividades agrícolas e a geração de energia solar, beneficiando tanto a produção de alimentos, quanto a geração de energia, utilizando-os, ainda, para proporcionar sombras em determinadas culturas; quando são colocados em separadores centrais de estradas e ciclovias, protegendo os ciclistas e usando espaços subutilizados.
Mas o ideal seria utilizar os telhados dos edifícios ou as coberturas dos estacionamentos, ficando próximos dos pontos de consumo, minimizando custos de transporte e perdas da energia. Em síntese, é urgente Portugal estudar a localização dos parques e não permitir mais expansões destes “cemitérios” que estão a destruir a paisagem, a estragar os ecossistemas naturais, a matar as comunidades locais e, ainda, a perturbar os satélites. Um futuro limpo e sustentável é muito mais do que plantar painéis solares.