O primeiro-ministro subiu ao Porto para estar com os seus autarcas no sábado. Num auditório repleto de protagonistas sociais-democratas do poder local, Luís Montenegro escolheu repetir as promessas vagas, já descarregadas em poucas linhas no Orçamento do Estado para o próximo ano, sobre o aprofundamento da descentralização de competências para as autarquias e vociferou contra o excesso de burocracia do Estado com o compromisso, também bisado, de mudar o Código dos Contratos Públicos. Sobre uma e outra, nenhuma outra sílaba lhe caiu dos lábios que fosse clarificadora do rumo que o Governo seguirá. E no momento da proclamação da voz dos autarcas do PSD - que é, agora, Amadeu Albergaria -, nada se ouviu sobre até onde está disposto a ir o chefe do Executivo na partilha da receita dos impostos nacionais com o poder local ou como cumprir o desígnio da coesão territorial face a um novo risco: um apagão informativo em oito distritos do Interior. Montenegro escolheu falar sobre o salário mínimo nacional, tirando da manga uma subida para os 1600 euros. E, como estava em casa, entre os seus, foi digerida a cartada político-fantasiosa, em que fingimos acreditar. A meta da legislatura - que, a correr sem novo pára-arranca, culminará em 2029 - era de 1100 euros, reafirmados há mês e meio. Em 2026, crescerá 50 euros para os 920 euros e faltaria galgar três degraus de 60 euros para cumpri-la. Ao subir a parada, significará que, para chegar aos 1600 euros em três anos, o crescimento da remuneração garantida terá de ser de 226 euros em média por ano. Talvez possível se a proposta de alteração da lei laboral fosse um mapa do tesouro... Mas, como cada dia é uma folha por escrever, o primeiro-ministro terá uma nova oportunidade, no congresso da ANMP, de dar respostas às perguntas que efetivamente têm sido colocadas pelos autarcas.
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