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Um daqueles jogos onde fica a sensação de que nem tudo foi feito para ganhar, quando se podia ter ganho ao querer um pouco mais. Nomeadamente na convicção da mudança. Perante a sensação prática de bater contra um muro, a opção em insistir nos mesmos até ao minuto 81 é mesmo uma profissão de fé. A convicção de sermos capazes de fazer fogo nos minutos finais, resolvendo tudo aquilo que não se conseguiu em todo o jogo, é acreditar na poção mágica ou na detonação por pensamento. Era evidente que o jogo precisava de desequilíbrios, por melhor que fosse a posse e o domínio do F. C. Porto.
Faltava o poder de fogo. E essa posse algo estéril, onde tudo parecia bem feito mas sem consequência, deixou a equipa amarrada a um ponto que pouco adianta: aproxima do Sporting mas atrasa em relação ao Benfica. Mais uma oportunidade de galvanização perdida.
A incapacidade da equipa em criar oportunidades contundentes não acontece apenas pela incapacidade de mudar o fato à medida do jogo. É também o resultado da falta de intensidade e arrojo no último terço do terreno, hiper povoado pelo adversário e com uma referência única para dar luta. Samu é valioso e mais uma vez resolveu muitas das dificuldades colectivas. No entanto, é evidente que precisa de espaços que a solidão não abre. Aprender a jogar com ele e para além dele, um dos desafios que Vítor Bruno tem que conseguir vencer.
*Adepto do F. C. Porto
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)