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O país entrou, durante esta semana, num turbilhão de crise devido à aprovação, ou não, do Programa de Estabilidade e Crescimento a apresentar em Bruxelas. O primeiro-ministro, ignorando tudo e todos, entregou a sua proposta nas instituições europeias. Não tendo sido aceite pela Oposição esta atitude, é natural que agora sejam discutidas as ideias alternativas.
Sobre essa matéria acho que se tem de falar de uma forma clara. Não é possível manter a obsessão do TGV quando há um conjunto de institutos públicos e fundações públicas que devem ser extintos, o mesmo caminho devendo seguir os governos civis; e quando as aquisições de bens e serviços do Estado podem diminuir de forma drástica. Mas também se deve alterar a forma de olhar para a Justiça, calendarizando as suas reformas, e não se pode continuar na base do aumento sistemático de impostos.
Por outro lado, muitos pensam se será possível terminar com este clima de instabilidade política. Acho que é. Os caminhos possíveis são vários. Deixo apenas para reflexão o que sucedeu na Irlanda. Numa situação de dificuldade foram feitas todas as negociações necessárias com Bruxelas. O primeiro-ministro negociou com os dois maiores partidos da Oposição - Fine Gael e Trabalhistas - a convocação de eleições em troca do apoio a um pacote de medidas de austeridade.
Não sei se José Sócrates terá de viajar até Dublin. Mas seja esta ou outra a solução encontrada uma coisa é certa: como estão, as coisas não podem continuar.
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