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A atribuição de um menor peso à educação sexual na disciplina de Cidadania tem suscitado polémica. Quem tem filhos sabe que o tema é abordado em cadeiras como Biologia, não sendo exclusivo de uma parte específica do currículo escolar pré-universitário. Cidadania parece ser uma Bimby, onde tudo deve caber, sem que se possa alterar as porções da receita inicial. Não convém esquecer que o professor tem um certo grau de liberdade e, por outro lado, nem todos têm as mesmas competências para lecionar certas matérias. Há algum docente licenciado em Cidadania a ensinar as nossas crianças e jovens?
Uma das afirmações recentes de Fernando Alexandre merece alguma discussão pública séria. “A igualdade de género, essa cultura do respeito, é muito importante. Outra questão muito mais complexa é a questão da identidade de género”, disse o ministro da Educação.
Ao contrário do que veiculam algumas vozes, a dúvida de Fernando Alexandre quanto à lecionação da identidade de género não se resume a um conservadorismo obtuso do século XXI. O assunto em causa consiste na liberdade de cada um ditar qual é o género que pretende adotar socialmente, independentemente dos seus traços biológicos objetivos. É tudo psicológico. Não estamos a falar de quem é homem e fez uma operação para ser mulher ou vice-versa e muito menos de casais do mesmo sexo.
O movimento “woke” (despertar), de Esquerda, considera que o direito a escolher o que somos é absoluto. A ciência é irrelevante. Expor adolescentes, entre os 12 e 14 anos, a essa forma de pensar não será ir longe demais? Mesmo que a educação sexual, em termos latos, fosse mesmo excluída da Cidadania, os adolescentes iam acreditar que os bebés vêm de Paris nas asas de gaivotas? A disciplina de Biologia, o conhecimento proporcionado pela internet e pelo entorno social seriam irrelevantes? Afinal, quem vive agarrado a ideias ultrapassadas?